Saneamento Básico Urbano e Rural: Desafios e Soluções para a Universalização.

Os desafios na universalização do saneamento básico no Brasil estão enraizados em um processo socio-histórico que remonta ao período colonial, marcado pela ocupação territorial, expansão econômica e formação dos centros urbanos. Desde então, a infraestrutura sanitária foi priorizada nas áreas centrais das cidades, mais visíveis socialmente, enquanto as regiões periféricas e rurais permaneceram marginalizadas. Esse modelo excludente gerou um déficit estrutural significativo, que ainda hoje impacta milhões de brasileiros.

A desigualdade no acesso ao saneamento básico é evidente quando se analisam os dados do IBGE (2023): enquanto 93% dos domicílios urbanos possuem abastecimento de água e esgotamento sanitário, nas áreas rurais esse índice cai para apenas 32%. Esse contraste revela a precariedade dos serviços em regiões periurbanas e rurais, reflexo do processo histórico de urbanização e das desigualdades socioeconômicas que dificultam investimentos e políticas públicas eficazes para essas localidades.

A falta de acesso adequado ao saneamento básico não é apenas um problema estrutural, mas também uma questão de saúde pública. A ausência de infraestrutura adequada contribui para a proliferação de doenças infecciosas e parasitárias. Essas doenças são características de áreas sem saneamento adequado, onde a população depende de água contaminada e está exposta a solos infectados devido à falta de gestão eficiente de resíduos, esgoto e drenagem. Em crianças, a infecção pode levar a sérias consequências, como atraso no desenvolvimento físico e cognitivo, agravando ainda mais o ciclo de pobreza nessas comunidades.

A exclusão social e a falta de conhecimento sobre os direitos de cidadania agravam a situação das populações periurbanas e rurais, dificultando o acesso a melhores condições de vida. Essas comunidades, muitas vezes desconectadas das realidades das regiões metropolitanas, não têm plena consciência de que o acesso ao saneamento básico é um direito garantido pelas políticas públicas. Isso impede a reivindicação de seus direitos e perpetua a marginalização. É essencial aumentar a conscientização e fortalecer os canais de participação social para que essas populações possam exigir políticas públicas adequadas às suas necessidades.

Diante desse cenário, garantir a universalização do saneamento básico exige não apenas investimentos em infraestrutura, mas também políticas públicas que promovam a equidade no acesso aos serviços, especialmente em regiões historicamente negligenciadas. A superação desses desafios passa pela implementação de estratégias eficazes que integrem desenvolvimento sustentável, fortalecimento institucional e participação social, assegurando que o saneamento seja, de fato, um direito universal e um pilar essencial para a saúde e qualidade de vida da população brasileira.

REFERÊNCIAS

GUIMARÃES, B. C. S., et al. Infecções por parasitas: ancilostomíase. 2019. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/download-3118. Acesso em: 6 fev. 2025.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Em 2023, um em cada três domicílios rurais era abastecido por rede geral de água. Agência IBGE de Notícias. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/42292-em-2023-um-em-cada-tres-domicilios-rurais-era-abastecido-por-rede-geral-de-agua. Acesso em: 4 fev. 2025.