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Desafios das mudanças climáticas para o saneamento e como adaptar a infraestrutura

Em 07 de julho de 2025

As mudanças climáticas têm ganhado destaque nos debates globais nos últimos anos e vêm alterando profundamente a forma como a sociedade deve planejar e gerir seus recursos essenciais. O aumento da temperatura média do planeta, a intensificação de eventos extremos, o derretimento das calotas polares, a perda de biodiversidade e a escassez de recursos hídricos são apenas alguns dos desafios recorrentes nesse contexto. No entanto, quando se fala em saneamento básico, fundamental para a saúde pública e a sustentabilidade ambiental , como esse tema é tratado? E, mais importante: de que forma podemos enfrentá-lo?


As infraestruturas de saneamento são particularmente vulneráveis às mudanças no regime hidrológico. Chuvas mais intensas e irregulares causam inundações e sobrecargas em sistemas de drenagem urbana e estações de tratamento, enquanto as secas prolongadas afetam a disponibilidade de água para consumo humano e o funcionamento dos sistemas de esgotamento sanitário.


Diversos eventos já demonstram essa realidade de forma contundente. Países em desenvolvimento são especialmente vulneráveis, muitas vezes por carecerem de infraestrutura adequada. Eventos extremos, como as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024, mostraram como a infraestrutura pode ser severamente comprometida, com alagamentos atingindo estações de tratamento de água e esgoto e contaminando mananciais.
 
Em escala global, as inundações no Paquistão e na Nigéria também evidenciam como os eventos climáticos extremos comprometem vidas humanas, edificações e sistemas sociais - incluindo as estruturas de saneamento, como estações de tratamento, aterros sanitários e redes de abastecimento.


Nesse cenário, ganham protagonismo os projetos voltados à adaptação e à mitigação. A adaptação envolve tornar os sistemas de saneamento mais preparados para enfrentar as novas condições climáticas, com o reforço de estruturas, a descentralização de redes e a adoção de tecnologias mais eficientes. Já a mitigação busca reduzir os impactos ambientais causados pelo próprio setor, como as emissões de gases de efeito estufa oriundas do tratamento de esgoto e da gestão de resíduos sólidos.


Essas estratégias estão alinhadas ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13, que trata da ação contra a mudança global do clima, e ao ODS 6, que visa assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e do saneamento para todos. Promover uma infraestrutura de saneamento mais sustentável e resiliente é uma resposta concreta para fortalecer a capacidade de adaptação da sociedade diante dos riscos climáticos.


Investir em soluções resilientes é fundamental. Isso inclui o uso de materiais duráveis, sistemas alternativos de captação e distribuição de água e soluções baseadas na natureza - como os wetlands construídos , que oferecem eficiência com menor impacto ambiental.


Por fim, é essencial que políticas públicas e planos de adaptação estejam integrados ao planejamento urbano, com alocação de recursos adequados, capacitação técnica e ações de longo prazo. A sustentabilidade no saneamento não se resume à contenção de danos: trata-se de criar soluções duradouras, integradas ao meio ambiente e à sociedade, capazes de enfrentar os desafios climáticos com responsabilidade e visão de futuro.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico – ANA. Monitoramento e Eventos Críticos. Disponível em: https://www.gov.br/ana/pt-br/assuntos/monitoramento-e-eventos-criticos. Acesso em: 21 jun. 2025.


HELLER, Léo. Mudanças climáticas e saneamento: desafios da adaptação setorial em um cenário de iniquidades. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 46, n. spe4, p. 41-53, 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sdeb/a/WdTp7y6f9L6kgnCxDsrw8yr/?lang=pt. Acesso em: 21 jun. 2025.


PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE – PNUMA. More intense flooding threatens to set back sanitation goals. Disponível em: https://www.unep.org/news-and-stories/story/more-intense-flooding-threatens-set-back-sanitation-goals?utm_source=chatgpt.com. Acesso em: 21 jun. 2025.


OLUWATOBI, A. A.; JIMOH, H. O.; OLADIPO, E. O.; ALUKO, B. T. Urban flooding and sustainable sanitation in Nigeria: implications for climate change adaptation. Frontiers in Sustainable Cities, v. 5, 2023. Disponível em: https://www.frontiersin.org/journals/sustainable-cities/articles/10.3389/frsc.2023.1184532/full. Acesso em: 21 jun. 2025.


ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/13. Acesso em: 21 jun. 2025.

Autores


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João Henrique Rodrigues de Sá

Graduando em Engenharia Agrícola e Ambiental - UNIVASFjoaorodrigues.plansanear@gmail.com
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Rafaella Medeiros

Mestra em Engenharia Civil - UFPErafaellamoura.plansanear@gmail.com
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Anderson Souza

Prof. do Colegiado de Zootecnia da Univasfanderson.souza@univasf.edu.br